domingo, 24 de março de 2013

ÀS VEZES É PRECISO SAIR NO TAPA...


Dia desses eu estava pronto para dormir quando, início da madrugada, o GNT começa a exibir um documentário que me fez abandonar o sono e grudar frente à televisão: “Stonewall Uprising/A Revolta de Stonewall”, de 2010, dirigido por Kate Davis e David Heilbroner. Apesar do conteúdo histórico e polêmico, o filme não estourou nas paradas, talvez até, por um certo ar sisudo que rouba-lhe a fluidez e dá à narrativa um excessivo didatismo. Mas isso não tira a importância do conteúdo, nem a força de narrar com depoimentos, fotos e algumas imagens, um acontecimento que deu outro rumo às relações entre os homossexuais e a sociedade americana. Em algum momento alguém diz uma frase importante: “às vezes a radicalidade e o confronto são necessários!” Pode parecer um conselho perigoso, mas o silêncio e a passividade tendem a favorecer os reacionários, principalmente os que usam o preconceito e a ignorância como instrumento de poder e manipulação dos corações e mentes. Em junho de 1969, como era de costume, a polícia fez uma batida no bar gay “Stonewall” em Nova Iorque. Cansados da humilhação, do desrespeito e da violência, os frequentadores partiram para o confronto. Uma “guerra” que durou três dias e que obrigou a sociedade americana a repensar os direitos humanos e equalizar o verdadeiro sentido da democracia. O documentário surpreende ainda com revelações assustadoras do sistema repressivo e da absoluta condição marginal a que eram obrigados os homossexuais em seu próprio país.  Vivendo um caos de medo e susto, os homossexuais eram apenas um grupo oprimido tentando viver sua vida nas frestas da sociedade, sempre à margem da lei, onde um simples beijo era considerado crime. A partir do acontecimento inusitado de “Stonewall”, um sentido de organização e política emergiu da “guerra” e então que a sociedade americana pode dar passos à frente e, realmente, repensar sua postura medrosa e reacionária. STONEWALL UPRISING é fortíssimo e apaixonante em sua sinceridade e dá uma boa ideia do quanto é preciso gritar, lutar e amar para, livremente, respirar sua própria vida.


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