domingo, 31 de março de 2013

JESUS... Qual seu filme preferido?

Henrique Irazoqui é o Jesus de Pier Paolo Pasolini

Robert Powell é o Jesus de Franco Zefirelli

Claro, tem gente que odeia todos e eu não lhes tiro a razão. São certezas estéticas e ideológicas. Mas se eu, que dirigi “O Evangelho Segundo São Mateus”, uma adaptação do poema “O Oitavo Poema do Guardador de Rebanhos”, de Fernando Pessoa + o próprio Evangelho de São Mateus, tenho minhas opiniões bem claras, compreendo muito bem as dos outros. Sou daqueles que acham que se Jesus não existiu, ainda bem que alguém o inventou para deixar ao mundo palavras tão necessárias. “Ama a teu próximo como a ti mesmo” me parece ainda a frase mais importante de todos os tempos em qualquer língua. Ela resolveria 90% dos problemas da humanidade, mas é justamente porque a humanidade não consegue vivê-la que ela é tão importante. E a história em si, do nascimento à ressurreição foi escrita por acúmulos de gente muito poética e inteligente. Gilberto Braga tem mágoa porque ela contém todos os ingredientes de folhetim e melodrama. Infalível! O cinema esmerou-se e alguns filmes marcaram nossa imaginação. Sou suspeito, então que não posso negar o meu preferido: “O Evangelho Segundo São Mateus”, de Pier Paolo Pasolini (1964), que, parece, ele o fez em homenagem ao Papa João 23. Toda a trajetória humanista e comunista de Pasolini está nesse filme lindíssimo e seu Jesus, interpretado por Henrique Irazoqui, é sublime.  E depois dele, talvez o mais católico, o mais cafona, o mais bonito, o mais quadrado: “Jesus de Nazaré” (1977), do Franco Zefirelli. É um filme emocionante que levou a história à dimensão do cinema clássico e sentimental italiano (embora a produção não seja, só seu diretor!) e em terceiro lugar o mais revolucionário: das mãos do gênio Martin Scorsese e da obra-prima de outro gênio, o escritor grego Nikos Kazatzakis, nasceu “A Última Tentação de Cristo” (1988), um filme indispensável. Como Fernando Pessoa em seu oitavo poema, Kazantzakis inventou o seu Cristo e não deixou por menos, deu-lhe dimensão de arte, aquela que não é espelho, mas véu.

 Willem Dafoe é o Jesus de Martin Scorsese


Para fechar o post, a última estrofe de Fernando Pessoa, que define tudo, inclusive a arte:


Está é a história do meu Menino Jesus.
E por que razão que se perceba
Não há de ser ela mais verdadeira que tudo quanto os filósofos pensam
E tudo quanto as religiões ensinam?


Nenhum comentário:

Postar um comentário