domingo, 31 de março de 2013

GONZAGÃO - A LENDA É UMA EXPLOSÃO DE ARTE!



Quando Deus e o SESC me presentearam com duas temporadas de quase três meses pelo Nordeste brasileiro (uma vez com “Capitu” e outra com “O Evangelho Segundo São Mateus”), uma das coisas que me chamaram mais atenção era a relação do nordestino com a “arte”. Eu costumava dizer que tudo no nordeste era arte: as paredes, os panos, as roupas, as estátuas, as igrejas... até as calçadas. E então que o público e sua receptividade te dava o tempo todo a sensação de que você, no palco, era um artista total e importante. E que aquilo que você estava fazendo transformava o ar, alterava o tempo e iluminava qualquer espírito. Pois me senti assim assistindo “Gonzagão – A Lenda”, escrito, dirigido e com roteiro musical do incrível João Falcão. Ok! É a história de Luiz Gonzaga, pelos caminhos da poesia e da música e nem é preciso falar mais. O que é preciso falar é da arte, aquela que fala com você por lugares que nada tem a ver com raciocínios lógicos ou arrogâncias intelectuais. É a arte popular que conversa com nossa memória, nossa experiência viva de ser um cidadão completo de um Brasil autêntico. A arte que vai buscar em nossas raízes a sua matéria prima. E como João Falcão faz isso? Num exercício de elaboração inacreditavelmente complexo e atores e músicos excepcionais! Poucas vezes assisti a um espetáculo tão narcísico e tão completo em todos os seus elementos. Figurinos, adereços, coreografia, luz e dramaturgia, simplesmente belos e harmônicos. Vão além do clichê, além do folclórico, além do barroco. São elementos que não pretendem expressar a vida e seus elementos, mas construir e desconstruir a forma e seu conteúdo. E é então que entram em cena os atores/cantores/bailarinos. Excepcionais! Teatro de gente, teatro de sangue, teatro de alma, teatro onde o corpo todo é elemento de construção de cena. Numa época em que a imobilidade parece ser a grande descoberta, João Falcão e seus selvagens atores, fazem o teatro mais moderno que poderíamos ter. O teatro autêntico! Os atores de “Gonzagão – A Lenda” fazem tudo e excepcionalmente bem! Só não voam, mas aí era demais! Saí do Teatro Positivo no mais louco estado de graça! Vontade de cantar, de amar, de dançar, de fazer mais e mais teatro! Teatro que ilumina tudo à sua volta. “Gonzagão – A Lenda” é tão importante em todas as suas propostas e em todos os lugares que pretende chegar e chega, que deveria ser exibido para o Brasil inteiro. E eu fico pensando que se aqueles maravilhosos artistas conseguiram fazer os curitibanos tirar a bunda da poltrona para se deixar levar pela música e pela interpretação, como seria este espetáculo no Nordeste! “Gonzagão – A Lenda” é uma explosão de arte! Viva! Viva! Viva o teatro brasileiro!!! Este espetáculo representa tudo o que nós temos de melhor. Em todos os sentidos!

Grande LEONARDO DiCAPRIO!!!

Poster que vale a pena postar...


CAIO FERNANDO ABREU para quem acredita na palavra "amor"!



Pelo face, Marcio Andrade e William Manfroi publicaram um delicioso comentário sobre O HOMEM QUE ACREDITAVA que apresentamos no Mini-Auditório, ainda hoje às 21 horas, segunda às 15 horas e terça-feira às 21 horas...

“Pessoal que quer se emocionar e olhar pra um espelho da vida , ali no palco , não pode perder a peça do amigo do Sul Marcio Meneghell com textos de Caio Fernando Abreu e direção do Edson Bueno . Saudades e paixões. Heróis e poetas. Reflexões do dia a dia de quem vê nas pessoas e companheiros o real sentido do amor e das palavras ... ESPETÁCULO IMPERDÍVEL!”

Era nisso mesmo que pensávamos… Emocionar!

FELICIANO é a ponta de lança da ameaça de um golpe de estado!

Zé Celso, meu guru, meu xamã, meu herói!!!

Desde que assisti a primeira peça do Zé, AS BACANTES, no Oficina e fui seu Assistente de Direção em AS BOAS, se não me engano no Primeiro Festival de Teatro de Curitiba, que o Zé Celso Martinez tem sido minha bússola, meu farol, meu grilo falante... Eu o vejo, o ouço e tenho ele, sempre, como ideal de arte e prazer! O Zé é o cara que sabe das coisas. Hoje ele publicou um desses alertas importantíssimos em seu blog. Reproduzo aqui e assino embaixo, gritando, berrando, implorando para que todo mundo fique alerta e não relaxe. Eu, como ele, também acredito que uma coisa muito séria está acontecendo no Brasil e a nossa inércia pode nos custar muito caro:

FELICIANO É A PONTA DE LANÇA DA AMEAÇA DE UM GOLPE DE ESTADO

Todos que trabalham com a Arte
ou mesmo com seres humanos
e os que se sentem mortais, humanos,
estão putos com esta situação
na Comissão dos Direitos Humanos
que anuncia coisa pior:
o Congresso agora vai votar por uma proposta-lei
dos Evangélicos Fundamentalistas
pra derrubar o Estado Laico Brasileiro.

Esta ação política corresponde a um Golpe Militar no Estado Democrático Republicano Brasileiro,
que há mais de séculos tem sido, felizmente, um Estado Laico.

A regressão aos estados fundamentalistas tem sido a causa de inúmeras guerras e de situações estupradoras monstruosas dos direitos humanos em todo Planeta Terra.

Precisamos todos nos movimentar urgentemente para impedir este Golpe de Estado para não sermos condenados a desumanidade das Ditaduras das Religiões Fundamentalistas.

Este Infeliz Feliciano é a Ponta de Lança da Ameaça de Um Golpe de Estado tão nefasto quanto o de 1964.

Além dos artistas, nós todos, mortais humanos, que assim se aceitam
e que não temos versão única da vida, da “verdade”,
nem somos proprietários dela,
que amamos a liberdade
temos de criar juntos meios
para que esta regressão nefasta de aprisionamento da vida aqui no Brasil não aconteça.

É trabalho não somente de artista, mas de todos os humanos que tem amor ao Poder de nossa Condição Humana livre de tutela da Boçalidade Fundamentalista de uma Verdade Única.

Dia do meu renascimento aos 76 anos

JESUS... Qual seu filme preferido?

Henrique Irazoqui é o Jesus de Pier Paolo Pasolini

Robert Powell é o Jesus de Franco Zefirelli

Claro, tem gente que odeia todos e eu não lhes tiro a razão. São certezas estéticas e ideológicas. Mas se eu, que dirigi “O Evangelho Segundo São Mateus”, uma adaptação do poema “O Oitavo Poema do Guardador de Rebanhos”, de Fernando Pessoa + o próprio Evangelho de São Mateus, tenho minhas opiniões bem claras, compreendo muito bem as dos outros. Sou daqueles que acham que se Jesus não existiu, ainda bem que alguém o inventou para deixar ao mundo palavras tão necessárias. “Ama a teu próximo como a ti mesmo” me parece ainda a frase mais importante de todos os tempos em qualquer língua. Ela resolveria 90% dos problemas da humanidade, mas é justamente porque a humanidade não consegue vivê-la que ela é tão importante. E a história em si, do nascimento à ressurreição foi escrita por acúmulos de gente muito poética e inteligente. Gilberto Braga tem mágoa porque ela contém todos os ingredientes de folhetim e melodrama. Infalível! O cinema esmerou-se e alguns filmes marcaram nossa imaginação. Sou suspeito, então que não posso negar o meu preferido: “O Evangelho Segundo São Mateus”, de Pier Paolo Pasolini (1964), que, parece, ele o fez em homenagem ao Papa João 23. Toda a trajetória humanista e comunista de Pasolini está nesse filme lindíssimo e seu Jesus, interpretado por Henrique Irazoqui, é sublime.  E depois dele, talvez o mais católico, o mais cafona, o mais bonito, o mais quadrado: “Jesus de Nazaré” (1977), do Franco Zefirelli. É um filme emocionante que levou a história à dimensão do cinema clássico e sentimental italiano (embora a produção não seja, só seu diretor!) e em terceiro lugar o mais revolucionário: das mãos do gênio Martin Scorsese e da obra-prima de outro gênio, o escritor grego Nikos Kazatzakis, nasceu “A Última Tentação de Cristo” (1988), um filme indispensável. Como Fernando Pessoa em seu oitavo poema, Kazantzakis inventou o seu Cristo e não deixou por menos, deu-lhe dimensão de arte, aquela que não é espelho, mas véu.

 Willem Dafoe é o Jesus de Martin Scorsese


Para fechar o post, a última estrofe de Fernando Pessoa, que define tudo, inclusive a arte:


Está é a história do meu Menino Jesus.
E por que razão que se perceba
Não há de ser ela mais verdadeira que tudo quanto os filósofos pensam
E tudo quanto as religiões ensinam?


sexta-feira, 29 de março de 2013

CAIO FERNANDO ABREU é puro amor no palco do Mini-Auditório do Teatro Guaíra...


Um dia, num debate depois da apresentação de “O Evangelho Segundo São Mateus”, acho que no Espírito Santo, a Regina Bastos disse que eu estava de bem com a vida quando escrevi esse texto. Que era meu lado iluminado. E eu fiquei muito orgulhoso. Estávamos viajando pelo Brasil e eu carregava embaixo do braço uma coletânea de “Pequenas Epifanias” do Caio Fernando Abreu. Tinha que escrever um texto para um monólogo interpretado pelo meu amigo e “puta ator” Marcio Meneghell. Não queria adaptar um conto, não queria reafirmar a persona desgraçadamente sofrida e underground do Caio. Sei lá o que queria! Mas aquelas crônicas, lidas e relidas, iam grudando na minha pele e sem perceber eu ia respirando o cara. Tinha dias que falava coisas pelas palavras dele, que argumentava sobre a vida usando o Caio sem sequer pedir permissão. E foi tanto Caio Fernando Abreu dia a dia, que quando sentei pra escrever “O Homem Que Acreditava”, tudo fluiu de uma maneira que até me assustou! Juro, é um texto de puro amor! Não é só uma homenagem a esse escritor mítico e que exaltou a paixão e a entrega ao outro; mas um ato de amor incontrolável! E é aí que eu volto ao que a Regina disse no debate em Vitória. Caio me deixou de bem com a vida e com as palavras. E por isso eu amo tanto este espetáculo que ensaiei com o Marcio e que ele foi inventando, como ator, cuidadosamente, numa elaboração de personagem que mais pareceu espiritismo! E é tão gratificante servir de ponte entre um artista tão intenso como Caio Fernando Abreu e uma plateia que pede atos de amor no palco. O Marcio é tão danado que tem a medida certa deste amor. E aqui e ali acrescenta o medo, a fúria, a indignação, a dor e a paixão. E então que nasce uma das minhas peças mais emocionantes, porque ao dirigi-la deixei que o Caio falasse por si só e que o Marcio fizesse o mesmo. Hoje “O Homem Que Acreditava”estreia no Festival de Curitiba, às 21 horas no Mini Auditório. Que orgulho tenho de tudo isso! Tenho a mais profunda certeza de que o público que lá estiver, vai viver uma noite de paixão e emoção e vai sair do teatro correndo pra ler tudo que puder desse extraordinário ser humano que foi Caio Fernando Abreu! Vamos ao teatro mais e mais e mais e mais...!

SPRING...

Poster que vale a pena postar...


CELSO CURY, NEW YORK, LUCIA, FESTIVAL, O TEMPO, ETC…

Celso Cury

Ontem à noite no hall de entrada do Teatro da Reitoria, esperando pra assistir “A Marca da Água”, do Armazém, encontrei, ou melhor, fui encontrado, pelo Celso Cury. Quem é o Celso Cury? Um homem de todos os teatros. Um homem a quem o teatro brasileiro deve tanto e, principalmente, o de São Paulo. Muito da nossa cena passou e passa pelas suas mãos e pelos seus olhos. Ele continua o mesmo, mais maduro, como eu, mas vivo e belo com seus olhos de paz e arte. Ele me reconheceu depois de tantos anos. Nos conhecemos pelos caminhos da Lucia Camargo, em 1990, quando eu dirigi “New York Por Will Eisner”, para o Teatro Guaíra e ele nos ajudou a levar o espetáculo ao Teatro Sérgio Cardoso, em São Paulo, para uma temporada de 10 dias seguidos. Éramos uns sedentos de teatro! Em nosso abraço, eu soltei "você ainda me reconhece?" E aí que ele disse uma frase que me arrepiou, daquelas que definem um jeito de pensar a vida, aconteça o que acontecer, e acontece: “Eu só tenho lembranças boas!” Que bom! Em 1991, como nosso sonho de mostrar “New York Por Will Eisner” para São Paulo, ele nos deu uma força incrível. Não teríamos ido se não fosse sua amizade e ação. Fomos com grande dificuldade (os tempos eram outros!), mas tivemos um excelente público naquele teatro imenso de 900 lugares! E, encontrando também a Lúcia Camargo, o tempo fez um rodopio e, célere e violento, pousou, irônico e engraçado à minha frente. Cá estamos todos nós, pensei, vibrando ainda pelo teatro, sonhando ainda com os sonhos dos artistas e buscando encantos e belas ideias nos palcos. O teatro é a nossa vida, disso não há a menor dúvida. E digo mais, é o que nos faz ter a certeza de que tudo quanto fazemos, fizemos e faremos não é em vão. É mais ou menos como quando nos apaixonamos por alguém. Não importa se é um bom ou um mal ator, por exemplo (se for!)... Simplesmente nos apaixonamos. E o teatro é desse jeito. Desde 1990 até aqui, quanta coisa excepcional vimos e fizemos, quanta coisa equivocada, quanta coisa boba, quanta coisa linda, quanta coisa estranha....Mas é o nosso teatro, não? O sangue que corre, bipolar, em nossas veias. Enfim... o Festival de Curitiba tem também essa virtude, fazer com que pensemos loucamente em nossa história. Eu costumo dizer que durante os 10 dias do Festival, os curitibanos (artistas e público) assumem três máscaras: a falsidade, a simpatia e a hipocrisia. Fazemos de conta que tudo é genial, queremos que todos pensem que nossa capital é o reino da cortesia, então que aplaudimos em pé qualquer espetáculo que venha de fora e hipócritas porque derramamos elogios fáceis sem sequer pensar mesmo se aquela é nossa opinião e se realmente precisamos dá-la. Mas isso é um festival, não? O momento em que entre dramas e comédias, o teatro é a grande festa em que, mesmo nas coxias somos reis e rainhas. E é também o momento de reencontrar pessoas que foram importantíssimas em nossa carreira. E olha aí eu voltando ao Celso Cury. Obrigado, amigo! E que bom encontrá-lo ontem! Um beijão! E mais uma vez, obrigado!

O meu "New York Por Will Eisner", que levamos ao Teatro Sérgio Cardoso em 1991

GÊNIOS & IMBECIS

Foto de Chico Nogueira

“O artista tem que ser gênio para alguns e imbecil para outros. Se puder ser imbecil para todos, melhor ainda.” – Nelson Rodrigues

Hoje, às 21 horas e amanhã, às 12 horas são as últimas apresentações de “CANALHAS!!!”, no Mini-Auditório do Teatro Guaíra. O universo do artista/pensador/dramaturgo num concerto de ironias e tragédias. Ontem o espetáculo foi emocionante!!!

Foto de Chico Nogueira

quinta-feira, 28 de março de 2013

OLHA NÓS ALI + UM BAIANO


Coquetel de abertura da Mostra Baiana do Fringe no Memorial de Curitiba: Marcelo Zulian, Renata Chemin, Edson Bueno... o baiano "puta de um ator" Talis Castro e o xodó Lucas Ribas. 

CARTAZ INTELIGENTE!!!

Poster que vale a pena postar! Novo filme com Juliane Moore!


UMA PIAZADA BOA DEMAIS!

Fernando Turri, Adriana Fróes e Igor Augustho... ótimos!

Quinta-feira, duas horas da tarde, Teatro. Só no Festival de Curitiba mesmo! E fui ao Café Teatro Toucher La Lune pela primeira vez. Assistir “Peripécias – Histórias para Crianças nem um pouco Inocentes”- Em primeiro lugar, uma beleza o teatro. Delicado, charmoso, com um café lindo na entrada, onde tocava Chico Buarque num toca-discos e um LP rodando. Uma delícia. E o espetáculo? Ah, que bom! Eu penso que o começo de tudo é o conhecimento de causa. Dois piás e uma guria, novinhos, intensos e talentosos. Fazendo teatro com as suas inquietações e com a sua poesia muito própria, conhecidíssima por eles mesmos e que pulsa, na boa, em cada pedaço dos seus corpos. Organicidade pura! E mais ainda, sai pela boca com voz firme, presente, artística e, realmente, cênica! O assunto? O título diz tudo! São as crianças e os adolescentes peitando a vida com suas lógicas muito próprias e suas soluções, às vezes tortas, às vezes certeiras, às vezes fantasiosas. E o que impressiona neste suave espetáculo é a absoluta sinceridade de tudo! É lindo ver aqueles três meninos (Adriana Fróes, Igor Augustho e Fernando Turri), muito artistas de teatro e tão jovens, de peito aberto, dizendo o que têm vontade de dizer e, de verdade, fazendo teatro de reflexão, teatro que quer dizer coisas (e diz!), tudo com muita inocência, humor e inteligência. O texto é uma joia poética. Tem um fechamento emocionante que vai em lugar de excelente dramaturgia. Uau! E ainda mais duas coisas importantes! Direção calma, suave e consciente de ritmo e tonalidade da Éri Buhrer, além de uma sonoplastia perfeita! Que delícia! Como me fez bem ter ido ao Touché La Lune neste começo de tarde! Parabéns! São e serão grandes teatreiros!





BILLY WILDER is live!!!



No dia 28 de março de 2002 o cinema perdia um dos seus maiores ícones. Aos 92 anos, Billy Wilder mandava bala num último “faid out”. Seria bobagem descrever todos os seus filmes geniais. Um mais que outro. “Quanto Mais Quente Melhor” é a melhor comédia de todos os tempos e “Crepúsculo dos Deuses” uma reviravolta na ideia de cinema e uma total desconstrução do mito cinematográfico. Billy Wilder, como Alfred Hitchcock sabia rir de si mesmo e nunca perdeu o senso de humor, mesmo filmando o maior dos dramas. Sinal de inteligência apuradíssima e consciência da finitude humana, da decadência inexorável dos valores superficiais e a aposta total no poder da sedução e do amor.  Olha ele aí, recebendo homenagem da AFI em 1986, ele que recebeu nada menos que 21 indicações ao Oscar entre produtor, roteirista e diretor e ganhou seis. Quer amar o cinema? Assista filmes de Billy Wilder!



SEJAM BEM VINDOS AO TEATRO DA BAHIA!



Ontem, no Teatro José Maria Santos, o espetáculo “PÓLVORA E POESIA”, de Alcides Nogueira, com direção de Fernando Guerreiro, abriu a “Mostra Baiana no Fringe 2013, do Festival de Curitiba”. As mostras e curadorias diversas do Fringe são iniciativas excepcionais, para o público e (principalmente) para os artistas que deitam e rolam na leitura que cada Brasil faz dele mesmo e da arte teatral. Uma delícia ouvir nossos diversos sotaques nos diversos palcos de Curitiba. O FRINGE podia caminhar nessa direção e se tivesse sempre o apoio que a Mostra Baiana está tendo da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia, a palavra “integração” ganharia outros contornos no Festival. “PÓLVORA E POESIA” é um texto que tenho na alma e no coração. Assisti a montagem que o Márcio Aurélio fez em São Paulo e, quando trabalhava na Fundação Cultural de Curitiba, trouxemos ele para ensaiar uma leitura ensaiada por uma semana inteira no Teatro Londrina. Na época meu querido Elder Gatelly fez Rimbaud e o grande Helio Barbosa viveu Verlaine. A montagem baiana é intensa e comprometida. Forte e muito bem coreografada. Os atores entregam-se aos extremos, como deve ser o bom teatro. E apresenta um menino excepcional: Talis Castro, fazendo um Rimbaud da ponta dos dedos dos pés até o último fio de cabelo. Hoje ainda tem duas apresentações, uma às 18h e outra às 21h. E a “Mostra Baiana” segue até o final do festival. Muito bom!

quarta-feira, 27 de março de 2013

CANALHAS!!! - Nelson Rodrigues, estreou no Festival de Curitiba

Com a presença de muitos amigos na plateia: Regina Vogue, Áldice Lopes, Laura Haddad, Sidy Correa, Rodrigo Ferrarini, Lucas Ribas, Robyson Souza, Guilherme Fernandes, Murilo Ique e Raphael Capelazzo Barlatti, estreou hoje às 15 horas, no Mini-Auditório do Teatro Guaíra, o espetáculo CANALHAS!!! , baseado em crônicas de Nelson Rodrigues, com a Cia. da Cidade de Passo Fundo. Foi muito, muito bom. Outros dois amigos, o Chico Nogueira e o Maringas Maciel estiveram lá e fotografaram... Aí duas fotos tão lindas quanto a peça, os amigos e os fotógrafos...


Por Chico Nogueira

Por Maringas Maciel

BELA FÁTIMA ORTIZ!!!


Há quantos anos eu conheço a Fátima Ortiz? Pessoalmente há 31 anos. Ela foi minha professora de interpretação no Curso Permanente de Teatro e dirigiu um espetáculo chamado “Desencontros do Destino” em 1983, onde eu fazia um motorista de taxi mais do que canastrão. Eu, não o motorista. Mas antes, já tinha assistido coisas dela nos palcos de Curitiba, entre elas um musical belíssimo chamado “Veias Abertas”, com a Rosy Greca. São tantos anos, tantos encontros e desencontros, tantas histórias contadas pessoalmente e nas entrelinhas. É minha referência quando o assunto é integridade e ética. A Fátima é um exemplo de artista comprometida, de princípios inabaláveis quando o assunto é arte e, ainda mais longe, quando o assunto é Teatro para Crianças ela, que com suja fé incrível no poder do teatro ensinou a todos nós como conversar com as crianças e poetar com imagens e palavras. Grande Fátima, grande artista, grande amiga, grande tudo! Eu que sou meio espinhudo gosto demais quando ela está presente em alguma reunião dessas de classe e etc. porque toda vez que me vem aquela vontade imensa de chutar uma mesa e dizer um monte de impropriedades idiotas, lá vem a Fátima com seu equilíbrio total colocar os sentimentos e as ideias em seus bons lugares. Bela Fátima, bela homenagem, bela história.


PASTOR FELICIANO VAI PRA PQP!!!

Na segunda homenagem ao DIA INTERNACIONAL DO TEATRO, as duas fotos do dia: Tonico Pereira e Ricardo  Blat mais Camila Amado e Fernanda Montenegro protagonizando "Feliciano, estes beijos são pra você!" - 

GÊNIOS ESPERANDO GODOT...!



Em homenagem ao Dia Internacional do Teatro, Patrick Stewart é Vladimir e Ian McKellen é Estragon, em ESPERANDO GODOT, de Samuel Beckett! 

TITEUF...!



TITEUF é um personagem das HQ francesas, criado pelo cartunista Philippe Chappuis, considerado um dos 10 mais importantes do mundo. Seu personagem (e seus amigos) são um fenômeno editorial na França (talvez comparável à Mônica, do Maurício de Souza!) e ganhou, recentemente, um longa-metragem. No Brasil será lançado pela Europa/Carat, não se sabe se nos cinemas ou diretamente em DVD, mas o que se pode dizer é que o trailer é muito bonito e sensível.




terça-feira, 26 de março de 2013

ANIVERSÁRIOS !!!

Feliz aniversário, Chico Nogueira....!!!

Dia 27 de março é, antes de mais nada, o DIA INTERNACIONAL DO TEATRO, então que todos que fazemos estamos de parabéns! Hoje vou comemorar com a estreia da minha peça CANALHAS!!! no Mini-Guaíra, baseada em Nelson Rodrigues, com a Cia. Da Cidade de Passo Fundo. E também assistindo PÓLVORA E POESIA, na mostra baiana de teatro, no José Maria Santos. Rimbaud e Verlaine com sotaque e talento baiano vai ser ótimo, tenho certeza! Mas... meu amigo Chico Nogueira também aniversaria hoje. Não vou contar a idade porque isso é coisa que ele conta, se quiser. Mas posso dizer que conheço esse piá há mais de 30 anos de grandes parcerias de ator, diretor, sonoplasta, fotos e conselhos de vida. E mais, mais, mais... Lota Moncada, aquela que é teatro da cabeça aos pés, poço de talento feminino e uma das mais encantadoras atrizes que eu conheço também faz festa hoje! Feliz aniversário Lota!!! Que os anjos do teatro iluminem a tua vida linda! E o grande Quentin Tarantino está completando 50 anos! Puxa! É muita festa para um dia só. “Reservoir Dogs”, “Inglorious Bastards” e “Django Unchained” são, de verdade, maravilhas. Mas nunca vou esquecer “Pulp Fiction”! E em homenagem a tudo isso, uma das cenas mais emblemáticas do cinema da década de 90 e uma ousadia que deu novos rumos à sétima arte. Tão forte quanto foi “Cidadão Kane” em 1943. Feliz aniversário Teatro, Chico, Lota e Quentin!!!


“O AMOR NÃO DEIXA SOBREVIVENTES…” Nelson Rodrigues


Esta é a frase de Nelson Rodrigues que eu mais gosto! Nelson Rodrigues me encanta! Tenho verdadeira paixão por esse sujeito e leio suas peças, seus contos e crônicas com um prazer sempre renovado. Acho que se pudesse ficava encenando Nelson a vida inteira. De todos os jeitos e formas. Era tudo o que falaram dele, mas acima de todas as coisas era um HUMANISTA! Coisa rara! CANALHAS!!! que eu dirigi em 2011 em Passo Fundo, com a Cia. Da Cidade, do meu amigo Pieterson Duderstadt, com outros amigos: Marcio, Robson, Pedro e Maicon; atores que pela quantidade de vida que carregam em suas bagagens/caracol, conhecem Nelson Rodrigues desde a alma. Foi delicioso fazer esse trabalho que, antes de mais nada, foi uma aventura, porque a adaptação não se baseia em contos ou peças dele, mas em crônicas puras, sinceras, radicais, humanas, gritando por liberdade e amor. Um exercício de teatro com o peito aberto e a paixão que moveu o nosso maior dramaturgo. Amanhã CANALHAS!!! começa sua aventura pelo Festival de Curitiba com 4 apresentações no Mini-Auditório do Teatro Guaíra. Vai ser lindo e quem assistir vai ter uma experiência de teatro como poucas!

VAI QUE DÁ CERTO...!


Não posso negar um certo mau humor com a enxurrada de filmes com cara de programa de televisão que inundam o cinema brasileiro. O Arthur Xexéo matou a charada lembrando que é uma tradição do brasileiro curtir seu cinema, vendo nele um bom lugar para rir e pronto. Assim foram as chanchadas da Atlântida, por exemplo, e mais tarde as pornochanchadas. Agora é a chanchada/TV e que sigamos em frente. Por outro lado não deixo de comemorar o nosso cinema rivalizando com os blockbusters americanos. “Vai Que dá Certo” com humoristas como Fabio Porchat, Bruno Mazzeo e Lúcio Mauro Filho, estreou em 450 cinemas na última sexta-feira e levou quase 400 mil pessoas em três dias. A 10ª posição no ranking das maiores estreias do cinema brasileiro desde a chamada “retomada”. É pra comemorar! E quando vejo que “A Busca”, com Wagner Moura, um filme sério e dramático, também vai indo muito bem nas bilheterias, fico mais feliz ainda! Mil vezes assim!!!

FERNANDA MONTENEGRO deveria ganhar um prêmio por dia!


Fernanda Montenegro foi a grande homenageada na sétima edição do prêmio APTR, que ocorreu nesta segunda-feira no Imperator – Centro Cultural João Nogueira, no Rio de Janeiro. Premiada ela disse:

Eu só quero dizer que eu mereço essa homenagem. Eu estou dando a cara à tapa desde que tinha 15 anos de idade. Primeiro na rádio. Depois, em 1950, fui para o teatro e nunca mais saí do palco. Tive meus filhos na segunda-feira (referindo-se ao dia de folga dos profissionais de teatro). O primeiro foi natural, mas a Fernanda (47) já veio de cesária, na segunda-feira. Meu pai foi enterrado cedo, porque eu tinha que gravar, minha mãe foi enterrada cedo, porque eu tinha que gravar, e a noite eu fazia espetáculo. Não tenho outra medida para a minha vida que não seja o palco.”

O PECADO MORA AO LADO - A Foto do dia!

Num patrocínio do amigo Altenir Bolinha


ALCANÇAR AS ESTRELAS! Dolores Hart, você sabe quem é?



Dolores Hart era uma estrela do cinema. Aos vinte anos era a namoradinha de Elvis Presley em dois filmes: “A Mulher Que eu Amo/1957” e “Balada Sangrenta/1958”. Dividiu a cena com Anna Magnani, em “A Fúria da Carne/57” e com Montgomery Clift, em “Lonely Hearts/58”. Valia no mercado de atores de Hollywood, um milhão e dólares, dinheiro fortíssimo na época. Estava em cartaz na Broadway há um ano, quando resolveu virar freira beneditina e abandonou tudo, inclusive um casamento marcado e com vestido pronto, criado e produzido por Edith Head. Ano passado as cineastas Rebecca Cammisa e Julie Anderson dirigiram o documentário/curta, de 37 minutos, entrevistando a, agora com 73 anos, Madre Superiora Dolores Hart. O documentário chamado “God is The Bigger Elvis”concorreu ao Oscar (perdeu para “Saving Face”) e é em seus poucos minutos, uma lição de amor, meditação e paz. Assisti hoje pela manhã na HBO/Max e na suavidade e nas revelações de Madre Dolores e suas freiras beneditinas estive o tempo todo com os olhos marejados porque é belo ver o ser humano encontrar-se sem desrespeitar seu corpo e sua alma. Madre Dolores fala de amor, sexo, arte, Deus e Hollywood com tranquilidade e paixão, sem cair nunca em moralismos ou ressentimentos. É uma mulher em paz com seu coração. E assim é esse belo filme.





ROOM 237, um ultrajante e envolvente olhar sobre “O Iluminado”, de Stanley Kubrick...


Diretamente do Movieweb...

Muitos filmes se prestam a interpretações dramáticas, mas nenhuma tão rica e profunda como “O Iluminado”, de Stanley Kubrick. Na sala 237 de LA, o cineasta Rodney Ascher, ouviu pessoas que desenvolveram teorias de longo alcance e que acreditam ter decodificado os símbolos ocultos e mensagens enterrados no filme de Stanley Kubrick, adaptado de Stephen King. Examinando cuidadosamente o interior de “O Iluminado” para fora e para a frente e para trás, o documentário SALA 237 tem momentos cativantes, prazer provocativo e puro. Ele dá voz aos fãs e estudiosos que defendem essas teorias, refaz o original para coincidir com as suas ideias e perscruta camadas de imagens de sonho para ilustrar seus fluxos de consciência. Às vezes é ultrajante, mas é sempre envolvente... Estreia dia 5 de abril nos EUA...

segunda-feira, 25 de março de 2013

Filme maldito de WILLIAM FRIEDKIN será relançado.

- Diretamente do FilmeB -


Comboio do medo (Sorcerer), filme que William Friedkin realizou depois do enorme sucesso de O exorcista, será restaurado e relançado em todas as mídias – incluindo cinema e blu ray. Com orçamento de US$ 22 milhões, considerado bastante alto para a época, o longa chegou aos cinemas em 1977, mas arrecadou apenas US$ 12 milhões nas bilheterias, praticamente encerrando a carreira do cineasta junto aos grandes estúdios. Hoje, é cultuado pelos fãs do cineasta. A versão restaurada de Comboio do medo deverá ter sua première mundial no próximo Festival de Veneza, em setembro.

WRONG! - Uma vibração de Charlie Kaufman com cheiros de David Lynch!



WRONG! Uma viagem alucinógena e surrealista empreendida por um cara que perde o maior amor de sua vida: seu cachorro! A partir daí, tenta fazer com ele algum contato metafísico.... O que acontecerá?



domingo, 24 de março de 2013

Ainda sinto saudades da Hebe Camargo pelo menos uma vez por dia...


Hoje meu amigo Guilherme Almeida publicou no facebook uma singela saudade da Hebe Camargo e eu que não podia perder a viagem disse de todo coração que ainda sinto saudades da Hebe uma vez por dia.  E o colega de face Heber Troy publicou que “Adoro esse dvd. Dá vontade de chorar na música com a Paula Fernandes.”- Então que eu fui buscar e não são só as duas, mas a música e a poesia belíssima do Almir Sater: “Tocando em Frente”-

Ando devagar
Porque já tive pressa
E levo esse sorriso
Porque já chorei demais
Hoje me sinto mais forte,
Mais feliz, quem sabe
Só levo a certeza
De que muito pouco sei,
Ou nada sei
Conhecer as manhas
E as manhãs
O sabor das massas
E das maçãs
É preciso amor
Pra poder pulsar
É preciso paz pra poder sorrir
É preciso a chuva para florir
Penso que cumprir a vida
Seja simplesmente
Compreender a marcha
E ir tocando em frente
Como um velho boiadeiro
Levando a boiada
Eu vou tocando os dias
Pela longa estrada, eu vou
Estrada eu sou
Conhecer as manhas
E as manhãs
O sabor das massas
E das maçãs
É preciso amor
Pra poder pulsar
É preciso paz pra poder sorrir
É preciso a chuva para florir
Todo mundo ama um dia,
Todo mundo chora
Um dia a gente chega
E no outro vai embora
Cada um de nós compõe a sua história
Cada ser em si
Carrega o dom de ser capaz
E ser feliz
Conhecer as manhas
E as manhãs
O sabor das massas
E das maçãs
É preciso amor
Pra poder pulsar
É preciso paz pra poder sorrir
É preciso a chuva para florir
Ando devagar
Porque já tive pressa
E levo esse sorriso
Porque já chorei demais
Cada um de nós compõe a sua história
Cada ser em si
Carrega o dom de ser capaz
E ser feliz


Uma montanha de ZUMBIS...!

O que acontecerá?


Feliz aniversário KING KONG!



KING KONG, de Merian C. Cooper e Ernest B. Schoedsack completa 80 anos. Há reputações quem nem o tempo, nem o CGI, nem Peter Jackson, nem Jessica Lange e Naomi Watts, nem o Oscar de efeitos visuais conseguem arranhar! Congratulations!


BIZARRO!

O que acontecerá?

ÀS VEZES É PRECISO SAIR NO TAPA...


Dia desses eu estava pronto para dormir quando, início da madrugada, o GNT começa a exibir um documentário que me fez abandonar o sono e grudar frente à televisão: “Stonewall Uprising/A Revolta de Stonewall”, de 2010, dirigido por Kate Davis e David Heilbroner. Apesar do conteúdo histórico e polêmico, o filme não estourou nas paradas, talvez até, por um certo ar sisudo que rouba-lhe a fluidez e dá à narrativa um excessivo didatismo. Mas isso não tira a importância do conteúdo, nem a força de narrar com depoimentos, fotos e algumas imagens, um acontecimento que deu outro rumo às relações entre os homossexuais e a sociedade americana. Em algum momento alguém diz uma frase importante: “às vezes a radicalidade e o confronto são necessários!” Pode parecer um conselho perigoso, mas o silêncio e a passividade tendem a favorecer os reacionários, principalmente os que usam o preconceito e a ignorância como instrumento de poder e manipulação dos corações e mentes. Em junho de 1969, como era de costume, a polícia fez uma batida no bar gay “Stonewall” em Nova Iorque. Cansados da humilhação, do desrespeito e da violência, os frequentadores partiram para o confronto. Uma “guerra” que durou três dias e que obrigou a sociedade americana a repensar os direitos humanos e equalizar o verdadeiro sentido da democracia. O documentário surpreende ainda com revelações assustadoras do sistema repressivo e da absoluta condição marginal a que eram obrigados os homossexuais em seu próprio país.  Vivendo um caos de medo e susto, os homossexuais eram apenas um grupo oprimido tentando viver sua vida nas frestas da sociedade, sempre à margem da lei, onde um simples beijo era considerado crime. A partir do acontecimento inusitado de “Stonewall”, um sentido de organização e política emergiu da “guerra” e então que a sociedade americana pode dar passos à frente e, realmente, repensar sua postura medrosa e reacionária. STONEWALL UPRISING é fortíssimo e apaixonante em sua sinceridade e dá uma boa ideia do quanto é preciso gritar, lutar e amar para, livremente, respirar sua própria vida.