O novo filme do sul-coreano Kim Ki Duc, vencedor do Festival de
Veneza/2012 é pautado pela radicalidade e tem o impacto como linguagem. É, em
síntese uma história de mãe e filho, uma narrativa de amor onde tudo acontece às
avessas. Tudo nele é chocante. Terror, morte, ódio, promiscuidade e degradação.
Tudo nele tem o objetivo claro de confrontar nosso conforto burguês com uma
hiper-realidade desagregada. Mitos, arquétipos e rituais são vividos e
experimentados no que têm de mais primitivo e ainda assim, misturados (diria
melhor, imiscuídos) com uma sociedade ocidentalizada e capitalizada. O
desconforto é grande. Não há saída, mesmo que num retorno artificial ao ritual
do autêntico. Tudo em PIETÁ serve à estética da sordidez: cenários, fotografia,
diálogos e ações; e ao mesmo tempo, tudo implora pela beleza, pela arte, por
Apolo. É um filme que sofre, mais até do que nós que o assistimos, sofremos. É
um filme apocalipse, mas – incrível! – iluminado pela arte. Cabe em PIETÁ um conceito muito moderno: "na arte, o mais elevado e o mais belo não são a mesma coisa."- Hans- Thies Lehmann
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