Dia desses eu estava pronto para dormir quando, início da madrugada, o
GNT começa a exibir um documentário que me fez abandonar o sono e grudar frente
à televisão: “Stonewall Uprising/A Revolta de Stonewall”, de 2010, dirigido por
Kate Davis e David Heilbroner. Apesar do conteúdo histórico e polêmico, o filme
não estourou nas paradas, talvez até, por um certo ar sisudo que rouba-lhe a
fluidez e dá à narrativa um excessivo didatismo. Mas isso não tira a
importância do conteúdo, nem a força de narrar com depoimentos, fotos e algumas
imagens, um acontecimento que deu outro rumo às relações entre os homossexuais
e a sociedade americana. Em algum momento alguém diz uma frase importante: “às
vezes a radicalidade e o confronto são necessários!” Pode parecer um conselho
perigoso, mas o silêncio e a passividade tendem a favorecer os reacionários,
principalmente os que usam o preconceito e a ignorância como instrumento de poder
e manipulação dos corações e mentes. Em junho de 1969, como era de costume, a
polícia fez uma batida no bar gay “Stonewall” em Nova Iorque. Cansados da
humilhação, do desrespeito e da violência, os frequentadores partiram para o
confronto. Uma “guerra” que durou três dias e que obrigou a sociedade americana
a repensar os direitos humanos e equalizar o verdadeiro sentido da democracia.
O documentário surpreende ainda com revelações assustadoras do sistema
repressivo e da absoluta condição marginal a que eram obrigados os homossexuais
em seu próprio país. Vivendo um caos de
medo e susto, os homossexuais eram apenas um grupo oprimido tentando viver sua
vida nas frestas da sociedade, sempre à margem da lei, onde
um simples beijo era considerado crime. A partir do acontecimento inusitado de “Stonewall”,
um sentido de organização e política emergiu da “guerra” e então que a
sociedade americana pode dar passos à frente e, realmente, repensar sua postura
medrosa e reacionária. STONEWALL UPRISING é fortíssimo e apaixonante em sua
sinceridade e dá uma boa ideia do quanto é preciso gritar, lutar e amar para,
livremente, respirar sua própria vida.
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