Cartaz emblemático com a arte genial do Benício!
Não é que eu entenda tudo de Nelson Rodrigues (Viva Sábato Magaldi!),
mas quando experiência se soma à pesquisa e paixão, alguma coisa muito forte e
profunda acontece. Dirigi muitos “nelsons” e sobre os meus dois últimos (“A
Vida Como Ela É/2009” e “Canalhas!/2010”) só tenho a dizer uma coisa: são
minhas verdadeiras jóias. “Canalhas!!!", inclusive, baseado em crônicas dele,
dirigi com a Cia. Da Cidade de Passo Fundo e vai estar em cartaz no Festival de
Curitiba. Nelson Rodrigues é satírico, trágico, violento, revoltado, poético e
debochado. Infinito em sua radicalidade! A mostra do MIS, que começa amanhã no
Auditório Brasílio Itiberê tem 04 (quatro) filmes adaptados dele. Devo dizer
que quase nada do Nelson que virou filme me impressiona. Cinema e Nelson parece
não se entender muito bem porque a imensa teatralidade da sua dramaturgia não
se encaixa à necessidade realista e naturalista do cinema, então, ou o diretor
entende isso ou o resultado ou é aguado, xoxo e insosso como “O Beijo No
Asfalto”, do Bruno Barreto (quarta-feira, dia 20) ou é completamente fora de
tom como “Álbum de Família”, de Braz Chediak (que não está na mostra). “A
Falecida”, do Leon Hirzman (quinta, dia 21) tem a beleza fluida do cinema de
Leon, mas só encontra Nelson mesmo na interpretação da Fernanda Montenegro e do
Paulo Gracindo e “Vestido de Noiva”, de seu filho Joffre Rodrigues, com elenco
estelar, não saiu da casca. “Toda Nudez Será Castigada”, do Arnaldo Jabor (que
abre a mostra, dia 19) foi, durante muito tempo, o segundo melhor filme
brasileiro da minha vida (porque antes tinha “O Pagador de Promessas”, do
Anselmo Duarte; e depois teve “Central do Brasil”, do Walter Salles). Jabor
saca todas de Nelson! Carrega certo nas tintas e arranca dos atores o mais trágico,
o mais patético e o mais poético! Darlene Glória e Paulo Porto dão algumas das
mais intensas interpretações do cinema brasileiro. E... bem... é uma pena que
na mostra não estejam “O Casamento”, também do Jabor (que é outro acerto!) e “A
Dama do Lotação”, do Neville D’Almeida que é simplesmente Nelson Rodrigues em
cada fotograma. Até amanhã minha gente! Nelson Rodrigues nunca é demais! E eu
disse “até amanhã” porque a convite do meu amigo Fernando Severo, vou dar um
prólogo de 20 minutos antes da exibição de “Toda Nudez Será Castigada”.
“O amor não deixa
sobreviventes!”- a frase de Nelson Rodrigues que eu mais gosto.
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