Gina Gershon em "Killer Joe", um show de interpretação!
Ontem fui ao cinema, na sala Vip do Shopping Crystal, menos por ter
outra opção do que por luxo, mas fui. Um perigo aquela sala, porque quem me
conhece sabe que se bobear eu durmo sem problemas no cinema. Estabeleceu-se a
história, quase todo filme entra numa bolha de coisa nenhuma que dura mais ou
menos uns 20 minutos e é bem nesses que eu durmo feliz e sossegado. Pois bem,
no conforto daquelas poltronas que viram cama, a possibilidade de não acordar é
muito grande. Ainda bem que gosto demais de cinema, então que meu inconsciente
me desperta e eu, vivo e atento, assisto o que (talvez) interesse. Fui com o Flavinho
assistir KILLER JOE, o novo William Friedkin. Um cara que fez “O Exorcista” e “Operação
França” merece todo o respeito de quem ama o cinema e mesmo que nos últimos
tempos ele tenha feito uns troços estranhos e mais recentemente uns filmes
bizarros, é um cara pra se acompanhar. KILLER JOE é baseado em uma peça de
teatro e o roteiro e a direção não nos deixam esquecer nunca disso. Há uns três
ou quatro diálogos intermináveis, típicos de jogos de palavras, que no palco
até podem ficar interessantes, mas no cinema soam muito como “chove não molha”.
O filme é o típico clichê americano onde o protagonista é uma espécie de “assassino
profissional” frio e calculista que sabe de tudo e pratica as maiores
abominações com olhos gelados. Matthew McConaughey dá conta do recado e como em
seus dois últimos filmes “Magic Mike”(Blagh!) e “The Paperboy” (Ufa!) faz o
tipo que tem preferências sexuais das mais originais, aqui acrescidas de um
prazer pela violência descarada. O filme? Bem, não é um Tarantino, nem um
Scorsese, nem um Park Chan-Wook. Repleto de ironias, humor negro, bizarrices e
desumanidades, parece (digo “parece”) buscar algum tipo de retrato do “american
way of life” e talvez faça, mas para um espectador brasileiro, acho que tudo
soa meio como muito barulho por nada. Violência, assassinatos, imoralidades e
podrices são a paisagem humana para personagens grotescos e tudo parece uma
roda viva sem saída. É agonizante, engraçado, às vezes tenso e até dramático,
mas óbvio e básico. William Friedkin continua um bom diretor, mas dessa vez,
pelo menos no meu modo de ver, fez um filminho. Pra não dizer que tudo é
previsível, entre mortos e feridos, brilha intensamente o talento de uma
incrível atriz: Gina Gershon! Impiedosa consigo mesma, ela leva a sua personagem
até o limite da obsessão e no universo do sangue e da meleca, compõe uma
criatura humana fortíssima e não menos bizarra. Um show! KILLER JOE tem
coragem, mas...
Nenhum comentário:
Postar um comentário