quinta-feira, 23 de maio de 2013

Quem tem medo de arte?



Reinaldo Azevedo em seu blog na Veja publica, esta semana, um texto chamado “A arte brasileira é dependente do crack fornecido pelo estado, ou : uma questão envolvendo Gerald Thomas e Zé Celso. Ou ainda: vamos privatizar o Zé Celso!”- Bem, o assunto são as verbas públicas destinadas ao patrocínio de companhias e espetáculos teatrais. Não vou reproduzir as palavras do Reinaldo porque são longas e quem quiser que as leia (http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/a-arte-brasileira-e-dependente-do-crack-fornecido-pelo-estado-ou-uma-questao-envolvendo-gerald-thomas-e-ze-celso-ou-ainda-vamos-privatizar-ze-celso/). Então eu penso que, de verdade, vivemos um momento seríssimo no Brasil, um divisor de águas, onde há uma clara (e poderosa!) reação contra as liberdades de expressão, de opinião, de pensamento. O cara usa os argumentos mais antigos do mundo para falar de arte e reduz o seu significado e razão de ser a mero “entendimento”, “propósito estético”, e assim por diante. Fala como se o mundo tivesse parado no tempo e não tivesse acontecido nenhum tipo de transformação em absolutamente tudo nas últimas décadas. Mas eu vou voltar à questão chave que é o apoio estatal. Oras, desde que eu me conheço por gente, tudo, absolutamente tudo, no Brasil é apoiado pelo governo. Desde asfalto, imprensa, televisão, educação, saúde, etc. Por que a cultura (no caso o teatro) tem que ficar de fora? Porque ela quer ter o pensamento livre? Porque ela não quer ficar atrelada ao voto e às ideologias? Exemplo: todo o cinema brasileiro (100%) é patrocinado pelo governo. E o que é TODO o cinema brasileiro? A maior parte é a neochanchada, atrelada à Tv Globo e às multinacionais de distribuição americanas. Comédias que não fazem nem cócegas, quanto mais arranhões! Divertidas sim (nem todas!), mas anestesiantes e bobas! O cara cria um personagem bordão metido a engraçado em uma novela (como o Giovanni do Wilker ou o Crô do Marcelo Serrado) e já pega 13 milhões do governo e faz um filmeco. E lota os multiplex! E todo mundo fica pra lá de feliz! E por que ninguém grita contra? Porque dá dinheiro na bilheteria! Porque mantém os multiplex funcionando, porque movimenta empregos, shopping centers, etc. Então se o teatro brasileiro fizesse o mesmo, nos dois sentidos (estética e bilheteria) tudo estaria nos conformes? A solução é algo como a neochanchada nos palcos? Quem acha ruim os milhares de reais dedicados à produção do musical “Shrek”, por exemplo? Ninguém. Mas contra o Oficina e o Zé Celso, há uma reação clara. Por quê? Por que privatizar o Zé Celso e manter o Crô e o Shrek estatizados? Porque no alto dos seus setenta e poucos anos continua um cavalo chucro solto na campina! Ah! Quer ser cavalo chucro e continuar a comer da alfafa? Não! Se quiser comer da alfafa tem que ser um cavalo domesticado, como por exemplo, o Gerald Thomas, que faz um teatro belíssimo, mas que não incomoda mais nada nem ninguém. Ah, mas o que incomoda no Zé Celso é a masturbação coletiva em pleno palco do Oficina? É, porque se não fosse não haveria esta gritaria toda! E não é em cima de ideias como essa, que dão origem aos Marcos Felicianos da vida, ganhando rios de dinheiro com pregações moralistas, preconceituosas e racistas? Por que um sujeito se entope de dinheiro com sua igreja e ainda assim quer ser deputado, senador ou presidente? Poder! Então que o que acontece no Brasil, hoje, é uma acirrada guerra pelo poder. Aquele que achata, tortura e mata os mais fracos e mais frágeis. Nunca vi o Zé Celso sair do Oficina para se candidatar a vereador! Por quê? Porque ele é um ARTISTA! Na mais perfeita acepção da palavra. Ué, mas você quer ser livre e patrocinar sua liberdade artística com dinheiro do estado? Esta é a frase. Porque ela diz com todas as palavras que o estado é o grande conservador, o grande reacionário, o grande censor! Se você faz uma “arte” que não é livre, que não incomoda, que não é política, que é ou pelega ou anestesiante, aí não tem nenhum problema que o estado te dê dinheiro, porque é simplesmente o óbvio e o lógico. E é facílimo perceber essa grande batalha que acontece hoje no Brasil. É só olhar a arte. Se a sua arte servir aos propósitos de qualquer governo você vai ver o dinheirinho pingando em sua conta bancária, caso contrário, vai acabar privatizado e não vai receber nem os R$ 70,00 do bolsa família! E aí você vai morrer, será enterrado e vão fazer grandes homenagens à sua “importância para a cultura nacional”. Este artigo do Reinaldo Azevedo é só uma das tantas reações, de capital, políticas e religiosas, destinas a formar um bolo suficientemente grande, capaz de achatar, domesticar ou matar as liberdades e o pensamento crítico! O assunto aqui é poder e dinheiro e estamos conversados! Tudo lobo em pele de cordeiro!  

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