Reinaldo Azevedo em seu blog na Veja publica, esta semana, um texto
chamado “A arte brasileira é dependente do crack fornecido pelo estado, ou :
uma questão envolvendo Gerald Thomas e Zé Celso. Ou ainda: vamos privatizar o
Zé Celso!”- Bem, o assunto são as verbas públicas destinadas ao patrocínio de
companhias e espetáculos teatrais. Não vou reproduzir as palavras do Reinaldo
porque são longas e quem quiser que as leia (http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/a-arte-brasileira-e-dependente-do-crack-fornecido-pelo-estado-ou-uma-questao-envolvendo-gerald-thomas-e-ze-celso-ou-ainda-vamos-privatizar-ze-celso/). Então eu penso que, de verdade, vivemos um momento seríssimo no Brasil,
um divisor de águas, onde há uma clara (e poderosa!) reação contra as
liberdades de expressão, de opinião, de pensamento. O cara usa os argumentos
mais antigos do mundo para falar de arte e reduz o seu significado e razão de
ser a mero “entendimento”, “propósito estético”, e assim por diante. Fala como
se o mundo tivesse parado no tempo e não tivesse acontecido nenhum tipo de transformação
em absolutamente tudo nas últimas décadas. Mas eu vou voltar à questão chave
que é o apoio estatal. Oras, desde que eu me conheço por gente, tudo,
absolutamente tudo, no Brasil é apoiado pelo governo. Desde asfalto, imprensa,
televisão, educação, saúde, etc. Por que a cultura (no caso o teatro) tem que
ficar de fora? Porque ela quer ter o pensamento livre? Porque ela não quer
ficar atrelada ao voto e às ideologias? Exemplo: todo o cinema brasileiro
(100%) é patrocinado pelo governo. E o que é TODO o cinema brasileiro? A maior
parte é a neochanchada, atrelada à Tv Globo e às multinacionais de distribuição
americanas. Comédias que não fazem nem cócegas, quanto mais arranhões! Divertidas
sim (nem todas!), mas anestesiantes e bobas! O cara cria um personagem bordão
metido a engraçado em uma novela (como o Giovanni do Wilker ou o Crô do Marcelo
Serrado) e já pega 13 milhões do governo e faz um filmeco. E lota os multiplex!
E todo mundo fica pra lá de feliz! E por que ninguém grita contra? Porque dá
dinheiro na bilheteria! Porque mantém os multiplex funcionando, porque
movimenta empregos, shopping centers, etc. Então se o teatro brasileiro fizesse
o mesmo, nos dois sentidos (estética e bilheteria) tudo estaria nos conformes? A
solução é algo como a neochanchada nos palcos? Quem acha ruim os milhares de
reais dedicados à produção do musical “Shrek”, por exemplo? Ninguém. Mas contra
o Oficina e o Zé Celso, há uma reação clara. Por quê? Por que privatizar o Zé
Celso e manter o Crô e o Shrek estatizados? Porque no alto dos seus setenta e
poucos anos continua um cavalo chucro solto na campina! Ah! Quer ser cavalo chucro
e continuar a comer da alfafa? Não! Se quiser comer da alfafa tem que ser um
cavalo domesticado, como por exemplo, o Gerald Thomas, que faz um teatro
belíssimo, mas que não incomoda mais nada nem ninguém. Ah, mas o que incomoda
no Zé Celso é a masturbação coletiva em pleno palco do Oficina? É, porque se
não fosse não haveria esta gritaria toda! E não é em cima de ideias como essa,
que dão origem aos Marcos Felicianos da vida, ganhando rios de dinheiro com
pregações moralistas, preconceituosas e racistas? Por que um sujeito se entope
de dinheiro com sua igreja e ainda assim quer ser deputado, senador ou
presidente? Poder! Então que o que acontece no Brasil, hoje, é uma acirrada
guerra pelo poder. Aquele que achata, tortura e mata os mais fracos e mais
frágeis. Nunca vi o Zé Celso sair do Oficina para se candidatar a vereador! Por
quê? Porque ele é um ARTISTA! Na mais perfeita acepção da palavra. Ué, mas você
quer ser livre e patrocinar sua liberdade artística com dinheiro do estado?
Esta é a frase. Porque ela diz com todas as palavras que o estado é o grande
conservador, o grande reacionário, o grande censor! Se você faz uma “arte” que
não é livre, que não incomoda, que não é política, que é ou pelega ou anestesiante,
aí não tem nenhum problema que o estado te dê dinheiro, porque é simplesmente o
óbvio e o lógico. E é facílimo perceber essa grande batalha que acontece hoje
no Brasil. É só olhar a arte. Se a sua arte servir aos propósitos de qualquer
governo você vai ver o dinheirinho pingando em sua conta bancária, caso
contrário, vai acabar privatizado e não vai receber nem os R$ 70,00 do bolsa
família! E aí você vai morrer, será enterrado e vão fazer grandes homenagens à
sua “importância para a cultura nacional”. Este artigo do Reinaldo Azevedo é só
uma das tantas reações, de capital, políticas e religiosas, destinas a formar
um bolo suficientemente grande, capaz de achatar, domesticar ou matar as liberdades e o
pensamento crítico! O assunto aqui é poder e dinheiro e estamos conversados! Tudo lobo em pele de cordeiro!
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