Alguém já disse que uma premiação nem sempre reflete a mostra, mas o
júri, e eu não tenho a menor dúvida disso. Ainda estou longe de assistir “La
Vie D’Adéle”, o vencedor de Cannes em 2013, num júri presidido por Steven
Spielberg e que tinha Nicole Kidman e Ang Lee como jurados. As críticas foram
unânimes quanto à beleza e qualidade do filme dirigido por Abdellatif Kechice,
que representava a França na competição. A história profunda de um amor
homossexual entre duas garotas, com (segundo li) fortes cenas de sexo tinha
muito a dizer ao cinema, ao mundo e à França. O debate sobre o casamento gay
toma contornos radicais na França com católicos e ultraconservadores indo às
ruas escancarando um reacionarismo que parecia não existir tão forte num dos
países mais livres do mundo. Spielberg negou a premiação política: “Para nós, é uma grande história de amor que carrega
uma mensagem muito positiva. E a propósito, as personagens não se casam". Compreensível. Se assumisse a postura, quase que seria um desrespeito com os outros realizadores. Mas a mensagem está clara e dada. Como disse Oscar Wilde, a arte, antes de ser um espelho é um véu; e Cannes em 2013 brilhou! Agora é esperar o filme chegar por aqui...
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