sábado, 24 de maio de 2014

MARINO JUNIOR E A TERCEIRA ONDA!

As Conferências Setoriais de Cultura deram um impulso impressionante à Classe Teatral Curitibana, principalmente no que diz respeito à necessidade de união para conseguir reformas nas relações do estado com os artistas e, ainda maiis, na percepção de que não se pode perder conquistas passadas em nome de mudanças que podem encolher, ao invés de ampliar, a participação dos artistas nas decisões e na produção de arte, via Leis de Incentivo. As quase 240 pessoas presentes no Teatro Guaíra no último dia 21 de Maio, foi um exemplo claro disso tudo.
O grande Marino Junior fez uma inteligente reflexão do momento, que reproduzo aqui e com a qual concordo em gênero e número.


MARINO JÚNIOR

Tenho ficado impressionado com a movimentação nas pré-conferências setoriais em que estive. Creio que o que estamos vendo acontecer trata-se de um fenômeno global de acesso maior aos meios de comunicação e de informação. O que motiva muita gente a despertar o artista dentro de si. Se pensarmos os virais na internet e a capacidade maior de se produzir, distribuir e consumir cultura na rede, é possível perceber que as plataformas digitais estão levando milhares de pessoas a desejarem uma experiência artística, criadora. Basta observar a quantidade de artistas que vêm surgindo nos últimos anos e que à criação de novos grupos e tendências. Algo que, certamente, entra em conflito com o tradicional. Mas o fato não é novo. Nos anos 80, em Curitiba, havia uma grande concentração por parte do estado na cultura. Então, vários grupos oriundos do CPT deram início a um fazer teatral independente. O que levou muita gente a fazer teatro. Nos anos 90, quando a Lei de Incentivo foi criada, em parte pressionada pela onda anterior, surgiram novos grupos. Além disso, teatros independentes foram abertos, o setor se desenvolveu e cresceu levando mais gente ao fazer teatral. Foi uma segunda onda, na qual parte da responsabilidade foi em razão do investimento feito, mas ocorreu, principalmente, em razão da primeira onda. Saía-se de uma dependência, antes estatal para algo mais livre. Vivemos, no presente, uma terceira onda. Mais forte, mais diversificada, e muito informada. Influenciada, no meu modo de ver, em parte pelas ondas anteriores e em parte por um fenômeno global de acesso aos meios de produção e uma maior informação. E isso é ótimo. Mas tem um lado perigoso. A pulverização dos recursos poderá tornar o setor insustentável. A falência de um mercado sedento pela criação e apático ao consumo afetará também os produtos culturais com um viés econômico.  Além disso, as novas linguagens que entrarão nesta “reforma agrária da cultura”, contribuirão para um cenário ainda maior de escassez.  O futuro é incerto. Para todos. Os tradicionais, os novos e aqueles que ainda virão. – Marino Junior

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