Pra que serve o cinema? “O Grande Gatsby”, de Baz Luhrmann é um bom
filme para se pensar nisso. É um espetáculo, uma extravagância, um jogo de cena
de babar e um derramamento de exageros. Mas o que é a arte? A subserviência à
realidade? Talvez sim, talvez não. Depende do artista e depende de quem olha a
obra e entende-a como arte ou não. Mas então a arte é uma droga alucinógena que
nos tira da realidade? Talvez sim, talvez não. Oscar Wilde (que eu acho se
apaixonaria por “Gatsby”) disse que a arte não é um espelho, mas um véu. E o
filme do Baz é um véu? Li matérias que diziam da sua abordagem rasa do grande
romance de Fitzgerald ou da futilidade de suas sequências, ou ainda que os
atores estão perdidos e apáticos. Não foi isso que eu vi. Sobre os atores, achei-os
todos intensos, fortes e poderosos. Inclusive o Tobey McGuire que faz um
personagem que não existe no original. Não, não é um filme sobre uma época,
porque pra isso não é preciso fazer um filme! É um filme sobre o cinema, sobre
a capacidade de dar asas à imaginação até o seu limite de desprendimento. E não
é verdade que o barroco de Baz Luhrman e suas festas de computador e fotografia
nos tiram da história original. Absolutamente! Ao levar o desejo de Gatsby ao
máximo do sonho, Baz Luhrmann não é espalhafatoso, é generoso. E de uma
generosidade rara, porque não é medrosa. Ok. Eu sou suspeito. Amo exageros!
Sempre amei! Não preciso ir ao cinema para que me digam aquilo que eu já sei. E
não penso pelos outros, penso por mim. E não me interessa se um filme ou uma
peça de teatro, ou seja lá o que for é compreensível para esse ou aquele
público. Quero que ele me satisfaça. Que me diga coisas e que me dê prazer,
mesmo que seja no lixo! Não li o livro de Fitzgerald, mas agora vou ler. Então
que esse belo espetáculo sobre a mesquinharia, a vilanez, o medo, o sonho e o
amor, me deu um prazer que raramente o cinema me dá. Nota 10! E que ator
excepcional é Leonardo Di Caprio e que ator sensível e fora de série é este
Joel Edgerton! “O Grande Gatsby”, do Baz Luhrmann é para quem não tem medo do
cinema! Depois de tudo um aparte. Penso também que nossos tempos são cínicos e
cruéis. Cada vez é menor o número de filmes definitivos e que permanecem em
nossa memória por muito tempo. O consumo, hoje em dia, é rápido e é preciso muita
originalidade para que a eternidade seja alcançada, se é que ainda é possível! Por
isso o tempo que vivemos diante de uma obra artística tem que ser aproveitado
ao máximo e com grande liberdade de espírito, já que um novo e intenso mundo
estará nos aguardando imediatamente após sairmos da sala de cinema, por
exemplo.
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